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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Desabafo e Indignação Parte II - E o bullying virou moda...

- E aí, Anão?
- Ei, isso é bullying! - e fecha a cara.
- Como assim?! - espantou-se Gordo. - Teu apelido sempre foi Anão!
- Mas antes nunca se tinha falado em bullying. E se eu fosse você não permitiria que te chamassem de Gordo! É bullying!
- Mas esse também sempre foi meu apelido!
- Quando não se falava em bullying. Agora é bullying!
E assim foi... No princípio eram brincadeiras... as brincadeiras tornaram-se amizades... e as amizades...
- E aí, Sarrafo?! - Chegava sorridente o Gordo, quando um tapa o surpreende. - Que houve? - questiona sem entender.
- Tô de saco cheio com vocês! Chega de bullying pra cima de mim!
E como tudo que vira moda... De repente era o caos!

Pois é...
Infelizmente aquilo que sempre orgulhou a humanidade: seu macrocéfalo altamente desenvolvido e seu polegar opositor estão se invertendo os papéis! O telencéfalo, cada vez menos desenvolvido... O polegar opositor, cada vez atuante no amparo da arma, auxiliando para que o indicador puxe o gatilho. Duas capacidades que estão evoluindo de modo inversamente proporcional.
As pessoas não gastam mais seu tempo pensando, conversando, trocando ideias. Logo partem para a agressão, a violência tornou-se moeda comum e respeito e cordialidade jóias raras. No início da história da humanidade: a barbárie, que deu espaço ao homem civilizado, e a civilização evoluiu... criaram-se avançadas tecnologias... armas avançadas... conceitos psicológicos, usados para o bem... e para o mal...
A intolerância impera em todos os níveis, em todos os lugares... As pessoas se julgam melhores ou piores por serem brancos, negros, índio, orientais... por serem católicos, evaagélicos, umbandistas, espíritas... por serem homens, mulheres, homossexuais, transexuais... por serem ricos, pobres, classe média, miseráveis... por serem gordos ou magros, altos ou baixos, feios ou bonitos... Esquecem-se que somos todos humanos... tão iguais em nossas diferenças... Tão inseguros, tão limitados, tão frágeis, tão vulneráveis... tão humanos! Somos fruto de nossas escolha. Então porque não escolher ser tolerante?
Claro que o bullying existe! Mas nem tudo é bullying! Brincadeiras são meras brincadeiras, embora de mau gosto muitas vezes.
As práticas inadequadas de uns não justificam os equívocos e erros dos outros.
A imprensa brasileira, após tanto lutar por sua liberdade, deixou-se cair na vala imunda do sensacionalismo. Os noticiários não se satisfazem em expor e criticar os fatos. Microfones são enfiados nos rostos de mães desesperadas pela perda de um filho. Crianças abaladas por fatos chocantes narram como os amiguinhos, cujas mãos estavam às suas entrelaçadas enquanto tentavam fugir, caíram mortos a seus pés! Não basta noticiar, tem que chocar, quanto mais sangue, dor e lágrimas melhor. Essa é a nossa imprensa. Isso é o que nossa imprensa livre faz com a sua liberdade. Dói assistir a um telejornal... abrem-se feridas...
E agora o autor de um ato monstruoso e brutal torna-se vítima... Foi uma vítima de bullying! Sofreu na infância, por isso agiu dessa forma! Com essas alegações nossa imprensa livre busca justificar o injustificável. Este é o legado que fica para a nossa juventude? Intolerância?!
Crianças negras têm o direito de discriminar crianças brancas, pois seus antepassados foram escravizados pelos antepassados delas. Homossexuais têm o direito de reprimir heterossexuais por tanto que foram reprimidos. Umbandistas devem humilhar católicos pelo tanto que já foram humilhados. Magrela, taquara, gostosa podem ser tão ou mais ofensivos que gordo, nanico, feia... depende do contexto e da forma com que essas palavras são usadas.
Vamos pensar bem antes de qualquer coisa! Uma palavra mal dita pode tornar-se maldita, machucando tanto nosso espírito quanto nossa matéria. Muitas vezes falamos algo sem maldade alguma, apenas para brincar, descontrair e cabamos ferindo brutalmente outra pessoa, pois cutucamos, sem querer, uma ferida que não se nota, não se vê, mas que está lá... oculta, calada até que alguém toque-a novamente.
Não precisamos aguentar calados, mas não nos deixemos cair na moda bullying e, tampouco, sucumbir a ele, revidando, humilhando, agredindo física ou psicologicamente.
Não justifiquemos o injustificável!
As marcadas do corpo cicatrizam, ficam ali, sem permitir o esquecimento, mas um dia param de doer. As marcas do espírito permanecem, continuam a doer... sempre e sempre...

Um dia...
Os jovens ouvirão palavras
Que não haverão de entender.
Crianças da Índia perguntarão:
- O que é fome?
Crianças do Alabama perguntarão:
- O que é discriminação racial?
Crianças de Hiroshima perguntarão:
- O que é bomba atômica?
Crianças na escola perguntarão:
- O que é guerra?
E vocês lhes responderão.
Vocês lhes ensinarão:
Essas palavras não são mais usadas.
São como carruagens, galeras ou escravidão.
Palavras que não tem mais sentido.
É por isso que foram tiradas dos dicionários.
(Martin Luther King)


Beijinhos a todos...


5 comentários:

Marion disse...

É, concordo. E o que me assusta também e gera uma sensação de impotência é a falta, total, de políticas que garantam o tratamento das loucuras, ou a proteção da sociedade das loucuras ou, se nada disso for, da impunidade... Abs.

Unknown disse...

Clau, engraçado que há alguns anos atrás não existia isso, bullying. Havia os apelidos, mas se vivia com isso e não incomodava. Mas importamos de outros paises, quase sempre, os piores exemplos de convivência humana e se transforma em epidemia, quando os mais pertubados percebem que chama a atenção> Por que será que não procuramos seguir os exemplos edificantes e pacificadores? Ainda não consegui uma resposta!!! bj

Clau Labres disse...

Pois é, gurias...
Não entendo o porquê disso... Mas as pessoas optam por coisas que apenas servem para ferir as outras e a si mesmas, afinal não é apenas o espírito das vítimas que fica com essa mácula, mas também (e principalmente) daqueles que não souberam aproveitar sua passagem por este mundo para evoluir.
Vejo diariamente as crianças se atacando e se agredindo, isso é um reflexo do que vivem em suas casas, do que observam nas ruas e dos exemplos que assistem na tevê! Têm dias que chego em casa, cansada, e antes que qualquer coisa fico parada, pensando: o que posso fazer? E acabo me sentindo inútil e impotente... Mas ainda há uma força maior que me faz continuar. Apesar de tudo, sei que tenho Deus ao meu lado e que foi ele que me deu essa missão! Não posso esquecer nem desistir disso!
Obrigada pelas palavras, gurias... Em vocês sempre encontro um suporte!
Beijinhos,
Clau

Marion disse...

Ooooi! Pelo jeito ainda estás acordada, como eu... Obrigada pelas visitas lá no blog. Adorei o olhos "graúdos"- fazia tempo que não ouvia essa expressão!!!
Ah...e continuando - tu vês isto entre as crianças. Eu que trabalho na Universidade tb percebo, em muitos momentos, essa agressividade e intolerância e alguns jovens. E fico angustiada e me sinto limitada. Mas se todos fazemos um pouquinho - ainda sempre tenho esperança de um mundo melhor - pois também vejo muitos jovens cheios de amor, afeto e garra para pegar junto!
Bom domingo prá ti. Abs.

Anônimo disse...

Olá, Clau, adorei seu texto. Atinge o âmago. Hoje vc quase precisa pedir desculpa por ser vc, por ser feliz. Os pais não educam os filhos, esperando que a escola e a sociedade o façam. Que tristeza! Cada um tem seu papel, tem coisa que só família ensina e como eles se omitem, nem sempre há como suprir essa lacuna em outros espaços. Fui professora por vinte e poucos anos, sei do que estou falando, infelizmente!
Bjs

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