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sábado, 1 de agosto de 2009

O Poeta Menino


O poeta menino que viveu pela poesia, Mário Quintana deu asas aos versos. Esse grande nome da Literatura Brasileira foi um autor que pode ser lido por todas as idades, da inocência e fantasia das crianças à nostalgia e seriedade dos adultos. Assim, apresento aqui um projeto que se pode desenvolver nas mais diferendes séries, tanto do ensino fundamental quanto do médio, dependendo apenas do encaminhamento dado pelo professor orientador.

JUSTIFICATIVA:
Nossas crianças necessitam, desde cedo entrar em contato com o que de melhor podemos lhe oferecer. Independente do rumo que suas vidas venham a tomar, nossa obrigação enquanto educadores é mostrar-lhes possibilidades. Assim, levar ao cotidiano escolar autores de grande vulto literário é uma forma de abrir as portas para um mundo de encantos e fantasia. No caso de Mário Quintana, especificamente, temos um autor que fala a todas as idades, que, em especial àqueles do Rio Grande do Sul ou que tenham a possibilidade de visitar o estado, se faz bastante próximo com visitação à Casa de Cultura Mário Quintana.

OBJETIVO GERAL:
Propiciar aos educantos uma vivência com a literatura através do contato com as poesias de Mário Quintana.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
* Promover o contato com a literatura;
* Desenvolver o gosto pela arte poética;
* Envolver os alunos em uma vivência poética;
* Estimular a apreciação estética;
* Trabalhar o potencial interpretativo;
* Desenvolver a criticidade.

ATIVIDADES:
* Pesquisa sobre a vida e a obra do autor;
* Leitura e debates sobre textos poéticos de Mário Quintana;
* Apresentações realizadas pelos alunos, ao seu gosto, sob orientação do professor;
* Visitação à Casa de Cultura Mário Quintana. Entre várias outras atividades que podem ser construídas especeficamente a partir dos textos selecionados e baseadas na série escolhida.

Vejamos a seguir alguns textos que podem ser trabalhados e debatidos sobre o assunto:

Que melhor forma de iniciar o projeto que não pelo conhecimento do autor? Quem melhor para nos falar sobre ele que ele próprio?



Com a palavra, Mário QUintana:
Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.
Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?
Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.



Quintana foi um poeta da simplicidade. Cantou coisas simples e cotidianas. Poeta que encanta e que emociona... Poeta da infância e da rua encantada...

O Mapa
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Ha tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Ha tanta moca bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...


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