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sábado, 25 de julho de 2009

Dia do Escritor, verdadeiro criador de sonhos


Por decreto governamental de 1960, o dia 25 de julho foi instituído o Dia Nacional do Escritor, em consequência do grande sucesso que foi o I Festival do Escritor Brasileiro, evento promovido pela União Brasileira de Escritores, naquele mesmo ano, organizado pelo presidente da UBE, João Peregrino Júnior, e seu vice-presidente, Jorge Amado.
Muito embora tendo sido uma data instituída em nosso país, ela nos parece bastante esquecida, sem rebecer a merecida atenção. O escritor é um artista que trabalha com o material mais simples, a palavra. Sua arte é a própria palavra, com sua forma, seu ritmo, sua essência...
A palavra, elemento tão simples e usual de nosso cotidiano, é adversário a ser vencido e aliado a ser tratado. O escritor expressa em sua obra a paixão pela palavra. Sua causa maior não é a ideologia que seus textos possam expressar. Sua causa é a própria palavra e assim sempre será. A palavra que cala, que chama o silêncio, abandonando o escritor à sua solidão. Artista da verdade, do medo, da alegria, da dor, do amor e da fé, aquele que só sabe escrever e que faz da escrita seu caminho.
Todos temos um pouco de escritor em nós. E todo escritor tem muito do mundo em si. O escritor é a própria essência da poesia... A poesia que é aquilo que mais verdadeiro há no mundo, ainda que seja o que há de mais fantasioso... Segundo Octavio Paz, um dos escritores que embora não sendo brasileiro muito merece ser recordado num dia como o de hoje,

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero. Oração, litania, epifania, presença. Exorcismo, conjuro, magia. Sublimação, compensação, condensação do inconsciente. Expressão histórica de raças, nações, classes. Nega a história, em seu seio resolvem-se todos os conflitos objetivos e o homem adquire, afinal, a consciência de ser algo mais que passagem. Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não-dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras. Imitação dos antigos, cópia do real, cópia de uma cópia da Idéia. Loucura, êxtase, logos. Regresso à infância, coito, nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo. Jogo, trabalho, atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo. Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal. Ensinamento, moral, exemplo, revelação, dança, diálogo, monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita, ostenta todas as faces, embora exista quem afirme que não tem nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana!

Toda a grandeza poética somente pode ser criada a partir da grandeza do artista que a ela deu vida. O escritor, que através de sua obra, transcende a palavra, a linguagem e a si mesmo.

Em suma, o artista não se serve de seus instrumentos - pedra, som, cor ou palavra - como o artesão; ao contrário, serve-se deles para que recuperem sua natureza original. Servo da linguagem, qualquer que esta seja, transcende-a. Essa operação paradoxal e contraditória (...) produz a imagem. O artista é criador de imagens: poeta. E é sua qualidade de imagens que permite chamar de poema o Cântico espiritual e os hinos védicos, o haiku e os sonetos de Quevedo. O fato de serem imagens leva as palavras, sem que deixem de ser elas mesmas, a transcenderem a linguagem, enquanto sistema dado de significações históricas. O poema, sem deixar de ser palavra e história, transcende a história. Sob condição de examinar com mais atenção em que consiste esse ultrapassar a história, podemos concluir que a pluralidade de poemas não nega, antes afirma, a unidade da poesia.

Assim, o escritor se confunde com sua obra, numa mistura autêntica e harmoniosa. Ele cria um universo mágico de imagens e ideias que nos encanta e envolve. E é por esse encantamento que nossos escritores merecem ser lembrados no dia de hoje.
Portanto, a todos os escritores, sejam eles brasileiros ou não, fica nossa homenagem e nosso agradecimento por todos aqueles sonhos que sempre nos ajudaram a sonhar.

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